Uma recoleção é um retiro espiritual de curta duração. Um brevíssimo tempo que nos faz afastar das ocupações rotineiras do dia a dia, das preocupações entre tantas outras coisas que roubam a paz. Um tempo que nos leva a pensar como vivemos a nossa fé na família, no trabalho, nas nossas relações uns com os outros e sobretudo com Deus. É principalmente um tempo forte de oração e de encontro do Deus.
No passado dia 14 de dezembro a FMME proporcionou um momento destes, orientado pelo Padre Pedro Viva, para aqueles que se disponibilizaram a participar – 55 pessoas.
Uma experiência de retiro é algo individual, que cabe a cada um refletir sobre aquilo que viveu e os frutos que recolheu, mas partilho com os que agora leem estas palavras, aquilo que eu senti e vivi neste dia. E posso dizer que foi uma graça que recebi de Deus. Estar nesta recoleção, foi o passo para estar com Deus, pois pelo silêncio, pelas palavras e orientações do Padre Pedro, e pela meditação e oração pessoal, fui sentindo a Sua presença em mim e no meio de nós.
Estamos no tempo do Advento, palavra que significa, espera. Espera de quê ou de quem? Sabemos esperar? O que nos impede de esperar? O que esperamos de nós, dos outros e de Deus? E o que será, que os outros e Deus esperam de nós?
Foi para dar resposta a estas questões que iniciámos o primeiro momento de interiorização pessoal, reflexão, meditação e oração.
No recolhimento, no meio do silêncio e na meditação do texto “Ama-me como és” senti-me eu mesma, tal como sou. As minhas dúvidas, as minhas imperfeições, aquilo que me impede de amar e deixar-me amar por Deus. Quantas vezes, busco a perfeição em tudo o que faço! Através daquelas palavras Deus disse-me: “Dá-me o teu coração, ama-me como és”; “Se esperas ser um anjo para te entregares ao amor, nunca me amará”. Aceitando-me tal como sou, deixo-me envolver pela mudança que Deus faz em mim, e deixo-me amar por Ele.
Depois, através da leitura do Evangelho de S. Lucas, capítulo 8, versículos 40-48, fomos convidados a descobrir naquela mulher que toca Jesus, a nossa própria identidade. A mulher tem medo, ansiedade, sente-se envergonhada, marginalizada. Quer, deseja tocar Jesus e toca por trás apenas no Seu manto. À pergunta de Jesus sobre quem o tocou, ela acusa-se ainda que, cheia de medo. Jesus faz a pergunta não para a repreender ou envergonhar, mas para que ela dê testemunho da sua fé.
Trazemos nós este desejo de tocar Jesus? Como o fazemos? Sentimos medo, vergonha? Quais são os nossos medos? O que nos impede de aproximar de Jesus, de O tocar, de dar testemunho da nossa fé?
No silêncio, com os salmos propostos nas mãos, fui descobrindo a minha realidade. A sede de Lhe tocar no manto, ainda que ao de leve, é grande! O desejo de olhar nos seus olhos, maior ainda! Deixo-me levar pelas orações dos salmistas: orações de confiança, de suplica, de louvor. Dou por mim a rezar. Sinto-me abraçada por Deus!
Ama-me, confia em mim, vence os teus medos, entrega-te nas minhas mãos, reza mais, acredita. São palavras que vou ouvindo. São a voz do Senhor na minha consciência.
Para terminar este tempo de retiro, nada melhor que Adorar o Senhor, no Santíssimo Sacramento e Comungar o seu Corpo, no Sacramento da Eucaristia.
No fim deste dia vou para casa mais feliz, mais confiante! Parto com o coração cheio de Deus! Com a certeza que Deus me ama tal como sou e que espera que eu O ame com total liberdade, entrega e confiança. E assim farei!
Ana Teresa