Quaresma de 2022 – Evangelho do Primeiro Domingo

Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, Jesus, cheio do Espírito Santo, retirou-Se das margens do Jordão. Durante quarenta dias, esteve no deserto, conduzido pelo Espírito, e foi tentado pelo diabo. Nesses dias não comeu nada e, passado esse tempo, sentiu fome. O diabo disse-lhe: «Se és Filho de Deus, manda a esta pedra que se transforme em pão». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Nem só de pão vive o homem’». O diabo levou-O a um lugar alto e mostrou-Lhe num instante todos os reinos da terra e disse-Lhe: «Eu Te darei todo este poder e a glória destes reinos, porque me foram confiados e os dou a quem eu quiser. Se Te prostrares diante de mim, tudo será teu». Jesus respondeu-lhe: «Está escrito: ‘Ao Senhor teu Deus adorarás, só a Ele prestarás culto’». Então o demónio levou-O a Jerusalém, colocou-O sobre o pináculo do Templo e disse-Lhe: «Se és Filho de Deus, atira-te daqui abaixo, porque está escrito: ‘Ele dará ordens aos seus Anjos a teu respeito, para que te guardem’; e ainda: ‘Na palma das mãos te levarão, para que não tropeces em alguma pedra’». Jesus respondeu-lhe: «Está mandado: ‘Não tentarás o Senhor teu Deus’». Então o diabo, tendo terminado toda a espécie de tentação, retirou-se da presença de Jesus, até certo tempo.

 

O Evangelho no primeiro domingo da Quaresma, conduz-nos ao deserto, onde Jesus esteve durante quarenta dias, e era tentado pelo diabo.

O deserto na Bíblia está associado de forma simbólica a um período de profunda reflexão, dúvidas, e onde Deus mostra também o Seu poder e presença protetora.

Para melhor viver estes primeiros dias da Quaresma, aceitemos o convite que esta leitura nos traz, de fazer uma caminhada de deserto pessoal, para refletirmos sobre a nossa situação de vida. Para nos ajudar neste propósito, além da leitura e meditação do Evangelho, convidamos-vos também a refletir, com o poema “Frequentar o deserto!”, do Sr. Padre Manuel, e a contemplar a pintura ” Cristo no Deserto ”, de Ivan Kramskoy.

 

Frequentar o deserto!

” Cristo no deserto ”, 1872, Ivan Kramskoy

A figura de Jesus no centro desta imagem atrai-nos como um íman. Na desolação do deserto, está tão só que nos faz desejar entrar na pintura e abraçá-Lo! Mas ir ao deserto é mesmo estar só, no encontro profundo de quem somos e nos abrirmos ao diálogo com Deus.

Jesus encontra-se entre o céu e a terra, descalço sobre terreno pedregoso, mas parece indiferente ao que se passa à Sua volta, ao que é exterior. A Sua expressão é de grande introspeção, mas adivinha-se também a dor. A dor que já o atravessa no destino que aceita, quando foge das tentações.

No entanto há também elementos de esperança: o dia começa a nascer e as trevas que ao longe estão sobre o horizonte, serão substituídas pela luz que desponta no céu. A cor desta luz no céu, é próxima da cor da túnica de Jesus, e a sua capa, peça de roupa mais exterior, combina em tons de cinzento com a cor das pedras.  Esta escolha de cores evidencia a Sua dupla natureza – humana (terrena) e divina (celeste) e antecipa já a Páscoa de Jesus, a Sua passagem da Terra ao Céu.

 

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